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DARPA Investirá 2 bilhões de Dólares para Terceira Onda da IA


A DARPA anuncia novos Investimentos para a Terceira Onda de Inteligência Artificial num ambiente de corrida tecnológica com a China e atritos com o Vale do Silício.


A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, ou DARPA, sigla derivativa do termo em inglês Defense Advanced Research Projects Agency, anunciou num simpósio que irá alocar 2 bilhões de dólares para pesquisa em I.A. nos próximos cinco anos. O anúncio coloca os EUA de volta na verdadeira corrida tecnológica com a China.

A DARPA tem um longo histórico de financiamento de projetos tecnológicos de fronteira. Desde sua fundação em 1958, ela teve papel fundamental na corrida espacial, na criação da tecnologia por trás do GPS e da criação da internet. Além disso, a Agência teve importante papel no desenvolvimento das primeiras aplicações de I.A. como carros autômatos e os primórdios do assistente virtual SIRI.

Terceira onda

O foco das pesquisas que a DARPA financiará encontra-se naquilo que eles denominaram de terceira onda da inteligência artificial. A primeira onda de I.A., nos anos 60, esteve relacionada com o desenvolvimento de sistemas especialistas destinados a tarefas específicas seguindo regras lógicas. Os sistemas averiguavam situações a partir do conhecimento programado anteriormente para chegar a conclusões. Isso significava que estes sistemas não eram capazes de lidar apropriadamente com novas situações que não estivessem programadas ou aplicar certos conhecimentos já adquiridos a novos problemas.

A segunda onda, por sua vez, relacionou-se com a aplicação de ferramental estatístico, a partir da rejeição da ideia de que se escrever as regras de funcionamento dos sistemas em prol de modelos probabilísticos. Esses novos sistemas podem aprender, seja novas soluções, seja reconhecer novos problemas. O resultado foi um sucesso em lidar com questões complexas. São esses os sistemas atuais que têm causado grande comoção pelos seus sucessos em superar humanos em tarefas que antes considerávamos insuperáveis. Um problema, entretanto, consiste no fato de que, embora esses sistemas funcionem bem, não sabemos exatamente o porquê, ou o como tais sistemas chegam aos resultados encontrados. É o fenômeno conhecido como caixa preta (ou “the AI black box”). Esse fenômeno tem profundos impactos na capacidade de controle desses sistemas, acarretando, por conseguinte, consequências para sistemas jurídicos que adotem os adotem.

Finalmente, a terceira onda está relacionada ao aprendizado e à adaptação a ambientes em mudança. Em termos gerais, seria fazer com que a I.A. construa, por própria iniciativa, modelos de funcionamento do mundo. Nesse modelo, a I.A. conseguiria, em tese, explicar de que modo chegou à resposta dada. Esse é o objeto, mas há muito trabalho a se fazer. Para conhecer mais dos projetos da DARPA relativo a terceira Onda da IA é só clicar nesse link: https://www.darpa.mil/news-events/2018-09-07

Competição com o Vale do Silício e com a China

Dois fatores fizeram com que a DARPA avançasse sua agenda de investimento. O primeiro deles, obviamente, foi a China: o governo chinês está buscando explicitamente ser o líder mundial em I.A., movimentando, para isso, grandes recursos - tanto econômicos quanto políticos a sua disposição. A China tem alocado bilhões para a pesquisa e para a construção de uma infraestrutura de I.A., trabalhando de forma coordenada com suas gigantes tecnológicas Baidu, Alibaba e Tencent; tem, ainda, obrigado seus cidadãos a compartilhar seus dados com o governo. O plano chinês para a I.A. tem sido o mais claro, e também ambicioso, no mundo. Além disso, o tamanho assombroso da população chinesa garante às gigantes tecnológicas vantagens econômicas fundamentais, especialmente no que tange a ganhos de escala no acesso a dados. Os chineses já estão mais avançados em áreas tecnológicas relacionadas à fusão do mundo virtual e do real, o que é demonstrado na profunda sinergia entre seu comércio de varejo e smartphones.

O segundo fator tem sido um estranhamento entre as agências de governo americano e as gigantes do Vale do Silício. Em particular o cancelamento do Projeto Maven, após uma revolta dos trabalhadores da Google contra pesquisas militares, deixou a Agência de Defesa sem um apoio tradicional. Tal projeto visava desenvolver algoritmos para auxiliar na análise de dados visando o combate à insurgência e ao terrorismo. Em carta aberta publicada no New York Times, os trabalhadores do Google apresentaram uma forte recusa de estabelecer usos militares, especialmente conectados com o uso de drones. Além do projeto Maven, um grande compromisso foi feito recentemente por mais de 200 organizações e milhares de pesquisadores e empreendedores para não desenvolver robôs de guerra. Entre os signatários encontram-se os fundadores do DeepMind Google Demis Hassabis, Shane Legg e Mustafa Suleyman, Elon Musk, Jaan Tallinn e a Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

A busca de novas parcerias para o desenvolvimento tecnológico de natureza militar por parte da DARPA apenas começou. Os usos militares da I.A. poderão revolucionar os campos de batalha, a espionagem e a segurança nacional. Ao contrário dos chineses, o estado americano podem não contar com o apoio de suas principais empresas de tecnologia para o desenvolvimento dessa nova fronteira tecnológica

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